Meia-Boca Futebol Clube

Porque como diria Nelson Rodrigues: "Só jogador mediocre faz futebol de primeira"

8.12.09

Esclarecimentos

Amigos, romanos e compatriotas! Companheiros e companheiras! Irmãos e irmãs! Vamos nos lembrar, primeiro, que o nosso blog não é nada além de reflexões, jocosas ou mais profundas, sobre o esporte que tanto tempo nos ocupa. Em nenhum momento, em post algum, tive a intenção consciente, deliberada de ofender e diminuir o time de ninguém. Tudo o que escrevi teve um único propósito: ser engraçado. Sinceramente, acho que não consegui alcançar meu propósito. Portanto, façam como Seinfeld: sintam-se ofendidos como humoristas, não como torcedores do time x ou y.



O que aconteceu comigo pode ser explicado pelo senso comum, por um economista liberal e pelo próprio futebol. Ao senso comum: foi sem querer. Hayek, o economista liberal: por mais que os economistas construam suas estruturas ambiciosas de planejamento econômico, que todo setor da economia sirva ao planejamento dos economistas, que todos nós sejamos obrigados pelo Estado a agir dentro das diretrizes do plano, algo vai escapar, uma merda vai acontecer, a realidade é complexa demais para ser paralisada e controlada por um plano qualquer. E, finalmente e mais importante, o futebol: o próprio São Paulo, tão citado, servirá de exemplo. Planeja o ano inteiro, os jogadores que contratará, quem usará em quais competições, paga o salário em dia, tem ótima estrutura e...toma dois golaços absolutamente improváveis nos dois jogos mais importantes do campeonato. Enfim, depois de tanta enrolação, só quero dizer que não prevemos as consequências de nossas ações, mesmo tendo um plano racional, como era o meu de apenas fazer rir, e, portanto, peço desculpas a todos que ficaram ofendidos.



Agora, ao segundo esclarecimento. Sinto dizer, mas acho que a única culpa da torcida do São Paulo é o time ter vencido campeonatos importantes nos últimos quatro anos. Pois antes, quando passamos 10 anos ganhando paulistas e comemorávamos, ninguém nos chamava de arrogantes e de prepotentes. Agora, quando finalmente, depois de tanto tempo e sofrimento, ganhamos três brasileiros e uma libertadores, não temos o direito básico, natural e inalienável de qualquer torcedor de futebol: comemorar o título, falar que o seu time é o melhor time do mundo e falar que o time do seu amigo é o pior.



Pelo lado racional, pelo que não torce por futebol, não acho que o São Paulo seja maior e mais importante do que qualquer outro time grande do Brasil. Porém, quando o meu time ganha uma libertadores e um mundial e, depois, ganha três brasileiros seguidos, eu me sinto no direito de ser irracional e falar que o meu time é o melhor do mundo, mesmo sabendo que Zé luis está em campo, que Fabão está em campo. E, se eu encontrar um torcedor do Barça, ainda falo que o time dele é uma bosta e que o W9 é mil vezes melhor do que o Ibra.



Defendo, e continuarei a defender, todo torcedor que vê seu time ganhar, zomba do adversário e se acha o melhor do mundo. O futebol é popular por diversos motivos, mas o de dar ao torcedor a sensação de não ser o bosta que ele acha ser, o inútil, o merda mas de ser parte de uma coletividade vencedora, gloriosa é um dos mais importantes. É infantil, é fantasioso, mas funciona. E, desde que seja controlado, tem meu total apoio.



Por fim, prepotência e arrogância fazem parte da experiência de qualquer torcedor, são paulinos e flamenguistas, colorados e gremistas, atleticanos e cruzeirenses.



E juro que agora termino. O torcedor do São Paulo, como torcedores de outros times, diz que o time perdeu por causa do STJD, das arbitragens e por quaisquer motivos que não tenham a ver com o time por causa de um mecanismo de defesa do ego bem conhecido: a negação. Não, o tricolor é bom demais, é vencedor, jamais perderia o campeonato sozinho. A culpa do nosso fracasso tem que ser de um ou de vários outros. Aos torcedores iluminados que não pensam assim, meus parabéns, mas não sei se o futebol seria tão divertido se todos fossem como vocês.



A verdade, eu bem sei, é que o São Paulo perdeu por falta de elenco, pelo imprevisível do futebol e pela qualidade dos adversários. Ou um time que precisa apelar para Richarlysson na defesa em um dos jogos mais importantes do campeonato tem elenco? E quantas vezes o Jobson vai acertar o chute que acertou contra o Rogério? E o Flamengo, com Adriano, aquele tanque imparável e Pet em momentos de rara inspiração?



Sobre o Grêmio e a rodada final, calma. Primeiro, não coloquei o Grêmio como palhaço do campeonato, só um de seus jogadores e que, pelo amor de deus, merece. Tudo bem, sabemos o que o Inter fez ano passado. Sabemos o que o Corinthians fez uma rodada antes. E sabemos de vários outros exemplos históricos de corpo mole. Não tenho provas, mas o São Paulo deve ter feito também. Portanto, o Grêmio não está sozinho, não é o maior vilão do futebol brasileiro. Apenas fez o que todo mundo fez. E o que todo mundo faz, convenhamos, pode ser tudo, normal, regra, menos ético e correto. Em um mundo ideal, nada disso aconteceria, o Grêmio sequer cogitaria a possibilidade de colocar reservas e jogaria para valer. No mundo real, porém, uma vez o São Paulo colocou o time titular para jogar contra uma merda qualquer do paulistão, o empate rebaixava o Corinthians, o Tricolor saiu perdendo e o Grafite fez os dois gols da virada. Foi xingado e hoje só é lembrado por isso nas comunidades tricolores. Por outro lado, o São Paulo, aquele São Paulo específico, aquela diretoria específica, foi elogiada pela imprensa pela ética e pelo profissionalismo, principalmente o Grafite.



Portanto, se o Grêmio queria elogios do Brasil inteiro, deveria ter feito como Grafite. Não fez, ficou na vala comum, não condeno pois eu mesmo, em momento de torcedor, fiquei puto com o Grafite, mas reconheço minha falta de ética. Meus votos para que os gremistas consigam fazer o mesmo.



E chega!Paz nos estádios, paz no mundo, paz no meia-boca, por favor! Afinal...












0 Bolas pro Mato:

Postar um comentário

<< Home