Meia-Boca Futebol Clube

Porque como diria Nelson Rodrigues: "Só jogador mediocre faz futebol de primeira"

2.7.10

A Seleção Brasileira não é o México, ou Como o Dunga me ensinou a perder

O fato é a desclassificação. Eu não sei se é triste mesmo ou só chato, mas só consigo ficar é com raiva. Raiva é tudo o que consigo sentir pela seleção nos últimos 8 anos. Não que 2002 tenha sido um mar de rosas, mas foi um título, oras. A desclassificação de hoje só vem confirmar que a coisa vai além das "teorias da globalização do futebol", que tentam explicar as mudanças na geopolítica da bola em termos dos cada vez mais constantes intercâmbios entre jogadores de países latinos sem tradição, asiáticos ou africanos para grandes centros, e que tem a ver muito mais com postura e preparação, o que vai além, também, da camisa, como ficou muito claro nessa copa, com os casos da Itália, que suou pra não perder pro Paraguai, a França, a deprimente França do Domenech, e a Inglaterra, com o jogo que há de ficar para os anais da Copa, contra a Argélia.
A Seleção Brasileira jogou como o México contra a Argentina. Mas era o Brasil, 5 títulos, Kaká, Robinho, Super Lúcio, Maicon, o Terrível, nomes fortes, jogadores de grandes times. Entrou tranquila, mais um jogo, OK, tradição, Holanda, quase freguesa. Mas da mesma forma que o México, time sem tradição, sem título, sem grandes nomes, a Seleção Brasileira leva um gol e perde a direção. O gol contra o México ainda foi um erro do juíz, o que é mais desestabilizante ainda. No caso da Seleção Brasileira foi um erro de posicionamento de um jogador, que não merece mais do que um simples adjetivo, que todo mundo está cansado de fingir que nao existia mas que estava esperando só o momento mais necessário pra aflorar: descontrolado, Felipe Melo, completamente.
Descontrolado foi o adjetivo deste jogo da seleção, da campanha da seleção, do técnico da seleção, e foi e sempre será o adjetivo do Felipe Melo, só me impressiona, pensando agora, como ninguém, nenhum comentarista nunca levantou esse ponto como algo a ser trabalhado no grupo e na idéia de "companheirismo" do time, considerando que parece que esse infeliz entrava forte até nos treinos, nos próprios companheiros.
Ouvi o Casagrande falar sobre como essas "surpresas" da Copa se fortaleceram justamente com o fluxo de jogadores para o exterior, e a importância dessas experiências para formar times nacionais mais estruturados, e pensei nessa contraposicão, entre México e Brasil. Se formos pensar por esse ângulo, não faz a menor diferença ter times formados por jogadores com experiências internacionais ou grandes títulos em clubes famosos, quando não se tem foco e preparação para a coisa mais importante no trabalho desses jogadores: jogar o jogo, porque se se esquece o que está acontecendo naquele momento, você não consegue se concentrar no fato de que é preciso ganhar, mas pra ganhar é preciso jogar.
Desculpem os Parreiristas ou aqueles a favor dos pontos corridos, mas numa Copa do Mundo, é preciso ganhar, é o objetivo final, colocar a maldita bola no maldito gol mais vezes do que o seu adversário. Mas nem sempre atingimos nossos objetivos de cara, claro. E é preciso saber, também, perder, estar perdendo. E saber jogar perdendo é o que separa um time que realmente SABE JOGAR FUTEBOL de uma equipe de segunda linha, esteja ela entre seleções nacionais ou mesmo num campeonato de rua. Com toda a experiência internacional, os jogadores do Brasil, assim como os do México, não souberam jogar o jogo, com a cabeça no objetivo final, e por isso perderam.
É triste pensar que se esquece completamente de ensinar as pessoas que vivem do jogo a perder, a revisitar, a assumir problemas e tentar resolvê-los. Acho que a postura do Dunga foi refletida sem nenhum retoque necessário nesse jogo e nos jogadores: descontrole, desequilíbrio, agressividade descontrolada e mal-direcionada.

Caso pra psicólogo.

Divã pra nossa seleção, em 2014.

E assim, a seleção nos ensina a como perder, sem nenhuma dignidade.

Roberto Carlos, você está redimido. O par-perfeito Felipe Melo/Dunga tomará seu lugar na próxima malhação do Judas.

E agora? Meu palpite é Alemanha (na verdade, a Alemanha era meu palpite desde a primeira fase, mesmo contra o Brasil).

Mas o Uruguai está aí, hein, gente! Luganito arrasaaaando...




15.6.10

Deus

Quem não passa por momentos difíceis, complicados, em que tudo parece impossível, contra nossos propósitos? Aí nos perguntamos: será que há um Deus, uma força maior? Não é compatível com a miséria do mundo, da fome, da desgraça, os holocaustos, os palestinos sofrendo, meu deus! Pedimos tanto, nada recebemos!

Você tem duas opções. Ou liga para um pastor safado qualquer e pede ajuda, recebe algo parecido, está tão carente que acredita realmente ter sido ajudado, ou vira um cético total. Virei cético, mas vivo meu ceticismo com ceticismo. Quase nunca acerto nada, vou lá acertar sobre uma das questões mais importantes da humanidade? Difícil. Mas é aí que, de quando em quando, é difícil contestar a presença de uma razão maior.

Meu caso. Copa do mundo, que empolgação, quatro anos esperando. Brasil vai jogar bem, terei alguns momentos de alegria despreocupada, que bom. Acordo empolgado, levanto da cama e...vertigem, tudo preto, dor. Gripadíssimo. Tomo tudo que é remédio, antibiótico para a garganta não explodir. Impossível não dormir. Acordo e o jogo acabou. Fico decepcionado, frustrado por não ter visto o que queria ver há tanto tempo. Entro no twitter, só reclamação. Ligo a Tv, só reclamação. Flashes do jogo, eis o que vejo:


(Pai nosso que estais no céu, livrai-nos
das roupas do Dunga. Livrou-me, agradeço.)

8.6.10

O homem comum e a cobertura televisiva pós moderna

Brasileiro é um povo esculhambado, mas a gente faz questão de ordem em determinados aspectos do nosso viver. Desfile de escolas de samba pode ser uma desordem? Claro que não, faça o favor de seguir os critérios. Eu posso tacar um peito de frango desfiado no meio da feijoada? Pelo amor de deus, respeite nossos ancestrais e o aproveitamento máximo dos suinos! E se a gente trocasse o a cachaça da caipirinha pelo rum? Rum é coisa de caribenho, vamos fazer o favor de não bagunçar?

Isso também se aplica(va) ao futebol. Futebol no domingo a tarde, alguma mesa redonda sofrível na bandeirantes a noite, os gols do Fantástico e era essencialmente isso. Você perceba, tolerava-se a bandeirantes! Quem não curtia futebol reclamava, mas ninguém parecia particularmente preocupado com o que eles achavam disso. O status quo era respeitado!

Mas copa do mundo é o caos! É o maior evento da humanidade e vagabundo que cagou pra futebol por quatro anos se acha no direito de dar pitaco. Aí tem a galera que pergunta "cadê o Ronaldinho Fenômeno?", "esse [qualquer europeu relativamente exaltado pela crítica séria] é um enganador?" e "aaaai, olha quanto gatinho na Itália!" e abre espaço pros Tadeus Schimidts da vida e seus bolas murchas; cheios de humor - sic - irreverente - sic. Porque você precisa democratizar o futebol!

Democratizar é o caralho. Eles querem é que a amiga dona de casa não mude o canal por um mês. E tome Sandra Annenberg falando sobre FUTEBOL. Eu realmente tenho curiosidade para saber os conhecimentos futebolísticos de Sandra Annenberg. Você, sujeito cuja Copa do Mundo é um motivador fundamental para a existência em períodos quatrienais, fica de mãos atadas. Como proceder em um mundo onde todo e qualquer mortal por dar suas perspectivas?

(Antes que me julguem de preconceituoso: você me vê dando pitaco sobre São Paulo Fashion Week? Você viu alguma crítica minha sobre a discografia da Lady Gaga? Não. Porque eu não tenho hábito de comentar sobre o que eu NÃO ENTENDO!)

Mas ai inventaram a TV a cabo, onde tem uma dúzia de tarados - a maioria deles menos capacitada do que você, claro - falando sobre futebol por todo o tempo. Mas nem tudo são flores. De um lado a ESPN Brasil, que adotou a rabugice como lema. Tudo que envolve Dunga e Ricardo Teixeira deve ser qualificado como feio, chato e cara de melão; chegando ao ponto de gente lá reclamar de assistir a final da copa passada em um estádio. Porque o futebol moderno é muito chato, sabe? Enfia no cu, canalha! Beleza que CBF e afins passam longe da idoneidade, mas essa postura de mídia independente tende a encher o saco. É Copa do Mundo! Tem coisa mais séria por um mês!

Aí do outro lado você tem a Sportv, que nunca prestou como "formador de opinião" simplesmente por eles não poderem falar mal do próprio produto. Mas esse ano a galera abusou. Curte só quem vai aparecer na grade fechada. É uma piada de gosto tão ruim que qualquer comentário é dispensável. Enquanto isso, eu aqui com minha vinte polegadas analógica... Vida, essa coisa injusta.

E agora, José? Pedir uma concessão pro Lula, fundar minha própria TV, contratar Léo Batista como apresentador dos noticiários e Sílvio Luiz para narrar as pelejas? Aceitar a genialidade - SIIIIC - de Schimidt e que a irreverência e transmissão destinadas a toda família serão o novo mote para as futuras competições? Promover a Marcha dos Homens de Bem a Favor do Futebol Sério e retomar a seriedade perdida?

Muitos questionamentos; muito pouco tempo. Só sei que depois uns e outros entram no cinema e matam vinte e a culpa é da família, da sociedade, do capitalismo e de outras coisas mais. Não, a culpa é de quem invadiu a seara alheia! Nada mais digo! Peace Out!

28.5.10

Terceiro lugar

A primeira idéia era fazer um post irônico sobre as disputas de terceiro lugar, insinuar que são deprimentes, reiterar que não valem nada, soltar comparações com discussões na internet e vencer as paraolimpíadas, mas não, não no Meia-Boca; não no blog que louva Cris como um de seus padroeiros, não, não no Meia-Boca, não no blog que, em 2010, comemora as glórias do espírito medíocre do tempo!

Arrisco dizer que a disputa de terceiro lugar é a verdadeira decisão do mundial para o espírito meiaboquense. Além de não reunir os DITOS - e quem DIZ que eles são os melhores? sim, ELE, ELE que é de BEM, o homem branco, cristão e heterossexual - melhores times da competição, tem o requinte de mediocridade de não valer absolutamente nada para ninguém. Melhor, a disputa de terceiro lugar eleva o médiocre ao status de grande disputa mundial. O Blog da mediocridade só tem a agradecer a FIFA pelo espírito politicamente correto.


(Deus, Família, Liberdade e Bom Futebol)

Vejamos alguns dados interessantes sobre o terceiro lugar:

- Proporcionou aos olhos do mundo confrontos maravilhosos como EUA X IUGOSLÁVIA(1930), ÁUSTRIA X URUGUAI (1954), CHILE X IUGOSLÁVIA (1962), SUÉCIA X BULGÁRIA (1994) e a melhor de todas as disputas de terceiro lugar, a linda, a gloriosa partida entre TURQUIA E CORÉIA DO SUL em 2002 que, estufo o peito para dizer, EU VI, meus netos!

Antes do próximo dado, breve questão teórica: Quem é mais medíocre? Quem ganha ou quem perde a disputa de terceiro lugar? Discutam nos comentários, milhões de leitores. PMDB style, a priori não me posiciono, espero o lado que me oferecer melhores condições...RISOS! Enquanto não recebo ofertas, aos números:

- Mais medíocre sendo quem venceu, temos um glorioso empate quádruplo: Com duas conquistas cada, Brasil, Suécia, França e Polônia dividem o título de maiores terceiros da história das copas. Mas a Suécia tem um terceiro lugar com asterisco, o que, ao meu ver, é bem medíocre, já que não teve decisão de terceiro lugar.em 1950. Aliás, BUH para os canalhas que armaram fórmula de disputa sem possibilidade para jogo de terceiro lugar. Mas sim, se você quiser argumentar que a Fúria, que ficou em quarto com asterisco, está pior, tem meu apoio.

- Mais medíocre sendo quem perdeu, temos um campeão incontestável. Com dois fracassos, 1970 e 1954, a gloriosa camisa Celeste tem a honra de ser a maior quarta colocada da história dos mundiais! Celebre, Loco:



E sério mesmo? Já escrevi demais. Um post sobre terceiro lugar deve ser escrito com o espírito de quem joga a decisão de terceiro lugar. Com preguiça, sem nenhum cuidado e sem compromisso com a qualidade. Quer mais dados? Wikipédia. Quer mais comentários cretinos? Zorra Total. E isso é tudo que eu tenho a falar sobre isso.

17.5.10

E agora, Michael?

Ballack fora da Copa! Diga lá, Senhor das Trevas:



Prendam Veron, a bruxa está solta! RISOS! Depois de Beckham, o Jorge Wagner com grife, os gramados africanos perderam a honra de serem pisoteados por outro grande craque europeu, Michael Ballack, o Cléber Santana ariano. Temo. Quem será a próxima vítima do ódio da sorte pelo bom futebol? Joe Cole, o Leandro Gianecchini britânico? Seu xará, Ashley Cole, o Júnior César Monárquico? Não, Fortuna, não brinques comigo, diga que não será Iniesta, o Hernanes Catalão!

Ballack se vai, A pergunta fica: vale a pena uma Copa sem duas das maiores invenções do marketing europeu? Fica a minha sugestão para a Fifa: adiar o torneio até a recuperação definitiva das duas estrelas mais brilhantes da constelação futebolística. O futebol, MUITO OBRIGADO, agradece.

Tá bom, o sujeito apelou (será?), mas faz algum tempo que o Ballack merece uma entrada dessas...Não que eu defenda a violência, mas, como diz o meu lema, contra Hitler qualquer meio é justo. Como é? Eu disse que um alemão parece Hitler? Meu deus, que polêmica! Discutam!



13.5.10

Seleção Brasileira, ame-a.

ATENÇÃO, DCE E ESQUERDOBRANDOS DO MEU BRASIL: O POST ABAIXO CONTÉM ALTA DOSE DE IRONIA. LUTE CONTRA O VERDADEIRO INIMIGO.

Quaresma defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do seu rio que ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua frente!

Um dos pressupostos básicos do nacionalismo é a inteligência. Os nossos bosques têm mais flores, é evidente, o Amazonas é o melhor e maior rio do mundo, claro, ninguém segura o Brasil, obviamente, e o fato de nascer dentro de um lado da fronteira nos torna felizes, alegres e melhores dos que os cretinos que decidiram nascer do outro.

O pequeno Hitler que vive trancado dentro do coração de cada um de nós, preso e condenado pelo tribunal da civilização, recebe de quatro em quatro anos o sagrado direito de respirar ar puro, de experimentar um pouco de liberdade. Não se contesta a seleção brasileira imediatamente antes e durante o mundial. Não é patriótico. Dunga e Jorginho defendem a pátria, a seleção carrega o Brasil nas costas, eu e você, você e eu estamos no bico da chuteira do Júlio Batista, nas luvas de Doni...!...Dunga se exalta, Jorginho fica indignado com quem não torce para o Brasil, pela pátria, pela nossa seleção nos gramados! O clima é tão pesado que nem se tenta repetir a experiência muito bem sucedida de nacionalismo e democracia dos anos 70...é isso aí.

Fala-se muito da intolerância nacionalista dos governos militares, supostamente sintetizada pelo famoso "Brasil, ame-o ou deixe-o". Ora, um dos fundamentos da tolerância, do espírito democrático, é aceitar como legítimas opiniões divergentes sobre variados assuntos. Não amas a pátria? Tudo bem, diz Médici, eu entendo, é legitimo, mas, por favor, exerça seu direito democrático de retirar-se. Em época de Copa do Mundo a coisa é mais séria. A possibilidade de não amar, de deixar, é extinta. Seleção Brasileira, ame-a. Pequeno Hitler, always having fun.

Proponho um parágrafo de Fernando Pessoa como antídoto:

Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro direto que me enoja independentemente de quem o cuspisse.

Escolho ignorar que Fernando Pessoa teria sérios problemas com os meus posts. Melhor me concentrar na parte mais importante da mensagem. Adapto ao futebol o dito sobre a língua portuguesa. Minha pátria não é a CBF, não é a amarelinha, é o futebol de 70, o futebol de 82. Não odeio o Elano, não odeio o Gilberto Silva, odeio o futebol burocrático que jogam. Que seja a Argentina, a Holanda, qualquer outro time que ganhe a Copa. Para ter minha torcida, basta jogar como a Holanda em 74, o Brasil em 82...e vá, como o Santos atual em seus melhores momentos.

Veja só, quem diria que Dunga me obrigaria a alinhar-me com Callazans e Trajano. Enfim, toda aliança é justa contra Hitler. Ataque Soviético nele! A SELEÇÃO É NOSSA!

12.5.10

Convocação, numerologia e/ou algo por aí

Desculpa, Brasil! Eu acertei. Tá que a bola de Londres não devia estar pagando muito pela minha aposta, mas ainda assim. Eram uns três nomes incertos e Dunga conseguiu surpreender negativamente em todos.

No fundo, bem no fundo; eu tinha a esperança de que teria alguma alternativa ofensiva razoável no banco. Eu não disse duas, três, algumas. Eu disse pelo menos UMA! Mas não. Júlio Baptista, o homem de 30 anos que ainda não decidiu sua posição, continua sendo nosso backup ofensivo. Temamos!

Eu passei o dia ontem esperando o Dunga falar que era pegadinha do malandro. Não deu. Mas precisa existir uma razão para a convocação de SETE VOLANTES além do corporativismo. Precisa ser numerologia. Porque a gente atura Gilberto Silva em prol da tática. A gente finge que não vê Gilberto Silva E Felipe Melo. A gente deseja um aneurisma para não precisar aceitar Gilberto Silva, Felipe Melo E Elano. Mas saber que, além desses, ainda tem MAIS QUATRO. É demais para o meu bom senso.

Logo, espero que alguém mude o nome para Dunnga, Maycom, Newmar ou algo por aí e dê continuidade a minha teoria da numerologia. Não me forcem a fingir que Elano e Ramires são jogadores criativos.

27.4.10

Prêmio "Agora vai!"

Copa do Mundo é uma coisa fantástica, disso estamos carecas de saber. É um evento global, um evento democrático, uma oportunidade de ver o melhor e o mais inusitado no desporte. Disputa-se desde cifras milionárias oferecidas pelas grande corporações até módicos barris de rum e variantes - ah, saudoso Trinidad e Tobago! Ou seja: é um evento em que se espreme o suco e aproveita-se até o bagaço.

A Fifa fica escolhendo melhor jogador, dream team, etc; quando TODO MUNDO sabe que o prêmio mais legal é o que acompanharemos com mais afinco: o Prêmio "Agora vai!". É um prêmio concedido àquele jogador que não foi bem cotado antes do torneio, não foi o melhor, não estava na melhor equipe, não foi o mais promissor, não foi o campeão; mas que de alguma forma deu uma tumultuada no torneio e virou especulação na janela de transferência seguintes. Algo como "Como ninguém viu essa jóia antes?!" Daí que algum europeu mediano pagou uma fortuna no camarada e... era bijouteria e não deu em nada. Porque uma característica marcante do "Agora vai" é sua validade de uma Copa do Mundo. Se ganhar algo de importante depois, o título é automaticamente suspenso.

O patrono do prêmio "Agora vai!" é o camaronês Roger Milla. Sim, comeu a bola em 90, comemorava com danças muito mais divertidas que a dos meninos da vila. Mas o que fez além de enterrar a carreira do Higuita? Teve sucesso no futebol francês, mas vamos combinar que futebol francês é pouco para um camarada que fez acontecer na Copa do Mundo, não é mesmo? É uma característica do prêmio "Agora vai!". Ele te promete um filé mignon, mas o ônus dele é o eterno coxão duro.

Vamos lembrar dos vencedores de edições anteriores:

1994 - Aseed Al-Owairan


Ou o Maradona das Arábias, se você preferir. É enciclopedicamente famoso por esse gol contra a Bélgica em 94. Depois nunca mais fez nada digno de destaque no futebol. Mas merece destaque. Ser o prêmio "Agora vai!" da Copa mais alternativa da história é um feito e tanto.

Menções honrosas: Hagi - Romênia (sim, gênio, mas só decidia jogar MESMO em ano de Copa) e Salenko (foi o artilheiro com 6 gols, mas marcou cinco contra um eliminado Camarões de ressaca. O Valência acreditou...)

1998 - Mustapha Hadji


Marrocos só não se classificaram naquele ano porque o Júnior Baiano não quis, mas o time deles surpreendeu. E o mais virtuoso atleta era Hadji. O Coventry City pagou para ver a aposta de 27 anos e... foi isso. Jogou também no Aston Villa e atualmente joga no prestigioso futebol de Luxemburgo.

2002 - El Hadji Diouf


Liderou a equipe de Senegal que eliminou a então campeã França e alcançou as quartas de final do torneio. Desejado por diversas equipes européias, acabou no Liverpool por dez milhões de libras e ficou muito aquém do esperado. De ex-promessa mundial, atualmente defende o Blackburn Roovers, atual décimo segundo colocado da Premier League.


2006 - Paulo Wanchope


Olha, 2006 não teve lá muitas surpresas; mas pra manter o padrão de meia-boca terceiro mundista, vamos apelar pro Wanchope. Seu efeito agora-vai só durou um jogo, quando marcou dois pela Costa Rica contra a Alemanha na estréia do último mundial. Mas todo mundo que vê esses embates como representações pós modernas de David e Golias teve uma esperança momentânea em Wanchope. Só durou aquela partida e tivemos de transferir nossas esperanças para Trinidad e Tobago e sua saga pelos barris de rum.

Menção honrosa: Luca Toni (precisa explicar? Obrigado).

Quem levará o "Agora vai!" desse mundial? Copa na África é um cenário propício pra isso. E não nos esqueçamos que teremos Nova Zelândia e Coréia do Norte. Aguardemos! Peace out!

22.4.10

rs

21.4.10

Todos os corações do mundo: memórias da minha primeira Copa.

Minha primeira Copa do Mundo foi a do tetra, no distante 1994. Eu tinha 9 anos de idade, ainda não tinha um time do coração e minha relação com futebol se resumia aos esporádicos jogos que eu via na televisão com meu irmão e meu pai. Daí, Copa do mundo. Tudo muito colorido, gente colocando bandeirinha na rua, nomes que começam a ficar comuns na sua vida - Parreira, Zagallo, Romário -, um movimento que definitivamente vai tomar conta de uma criança. Brindes da Copa no Sucrilhos, no Danoninho, na Coca-Cola, álbuns, os meninos jogando bafo com as figurinhas no recreio... Isso era uma Copa do Mundo. Só umas emoções bobas, mas que são capazes de marcar uma criança, toda uma infância. Pra quem sempre gostou de geografia, como eu, era uma festa: achar os países, descobrir bobagens tipo cores, bandeiras, capitais. Além do inglês, que eu começava a aprender, e a copa nos EUA. Tudo fazia muito sentido; o caminho para amar futebol estava traçado.
Toda essa onda de recordações veio por conta do filme oficial da copa de 1994 que eu, por acaso, acabei vendo em uma madrugada aleatória na TV à cabo, o clássico "Todos os Corações do Mundo". No começo, a sensação foi de estranhamento: um choque estético, que misturava uma certa familiaridade com aqueles bonés enormes de abas retas e camisas multicoloridas que pareciam de qualidade totalmente duvidosa e uma repulsa natural àquelas combinações bizarras de tamanho e estilos. Mas depois do estranhamento, veio o reconhecimento: ei, é A COPA de 1994! E voltam algumas memórias gostosas daquele ano, onde a vida ainda tinha alguma inocência - mesmo considerando as más recordações, o momento serve pra separar justamente esses elementos ruins das coisas boas na memória, componentes de um mesmo todo, mas que nos afetam de formas diferentes.
Como o documentário repassa jogo por jogo, cada partida era como uma nova onda de sensações que tomava conta de mim: a primeira fase, e o time entrando de mãos dadas no primeiro jogo, contra a Rússia; o segundo jogo, contra Camarões, e todo o fuss sobre o Roger Milla; e a Suécia, com um Larsson bizarro de dreads. As demais fases, com os jogos eliminatórios, já mobiliza mais lembranças: Brasil e EUA, pra começar, e o bom-moço Leonardo quebrando o osso do pobre jogador americano; o jogo contra a Holanda, com a sapatada do Branco, que hoje está mais roliço que a bola - veja só, o tempo, tempo... e a semi-final contra aquele time lindo da Suécia, jogando de azul, outra surpresa, descobrir o uniforme B. E a final, que nem vi direito porque era tanta bagunça, tanta gente, tanto barulho! Só lembro da gravata ridícula do Pelé, e do Galvão Bueno - outra constante das minhas Copas - se esguelando. Além do Baggio isolando a bola, claro.
Afinal, sou de uma geração que começou as suas Copas acostumada com a vitória, mas com a vitória estilo 1994 - desacreditada, deslocada, estranha. Confiar na seleção nunca fez parte do pacote, e gostar de futebol torna a coisa ainda mais difícil, porque a paixão pelo jogo às vezes vence. Por exemplo, hoje, Brasil e Portugal.
Afinal, eu fiz toda essa digressão apenas para poder dizer, sem maiores perigos, que o jogo foi tão ruim quanto já se esperava que fosse. Não necessariamente porque temos um time que continua desacreditado - e vai continuar até ganhar a copa, seja agora ou na próxima ou na outra... -, mas porque, na minha opinião, nós aprendemos a gostar do jogo, um passo além do coração da torcida, a emoção de jogar bem -não necessariamente bonito, bonito é outra coisa! Lúcio, que é um luxo!, é a prova de que não é preciso jogar bonito pra jogar bem. A evolução do nosso capita atual mostra que o trabalho árduo leva à excelência: ele passou tanto tempo subindo da zaga pra armação, quando não pro ataque, que paramos de gritar "fica, lúcio!", pra em jogos como os de hoje torcemos pra ele subir e armar alguma coisa, porque os meias, que teriam que fazer essa função - não sei se alguém lembrou de avisar a eles, né - esqueceram desse detalhe!
O jogo de hoje já era uma promessa de jogo de comadres, um zero a zero cantado, sem nenhum pingo de emoção, e isso só reforça a descrença-confiante do brasileiro médio que acompanha pelo menos a série A do Brasileirão. Ceará e Vasco na última rodada no Brasileirão foi mais jogado do que essa partida.

#prontofalei

15.4.10

Brasil na Copa - II

Vou fundar o clube de defensores do Dunga. Estou longe de simpatizar com o sujeito, mas tão enchendo o saco demais. Ainda faltam dois meses pra convocação e essa história de grupo fechado não vende jornal. Sempre tem um jornalista pentelho perguntando se o filho do vizinho não merece ter uma chance com a amarelinha.

A bola da vez é o Neymar. Sim, tá jogando bola pra caralho, tem tudo pra ser um jogador de classe mundial. Mas ainda tem só dezoito anos. Na Copa que vem, ainda vai ter só vinte e dois. Seria Neymar realmente tão indispensável num time que não tem carência de jogador nessa posição? - lembremos-nos, temos "só" Nilmar e Robinho pra posição dele.

"Ah, mas futebol é momento! Tem que chamar os que estão em alta!". Beleza, então vai barrar o Kaká? Vai jogar todo planejamento de quatro anos pela janela? - que, por mais que não seja o planejamento dos nossos sonhos, é um planejamento. Pessoal parece que não se lembra do caos de 2001, quando Brasil perdeu uma Copa América pra Honduras e chegou na última rodada das eliminatórias precisando fazer pontos. Felipão foi arrumar o meio campo com Gilberto Silva, Kléberson e Edmílson - repita os nomes e reflita - e se viu obrigado a apostar em um Ronaldo pós-lesão absolutamente imprevisível. No mais, a equipe só foi engrenar ao longo da competição - queria poder saber quanto que a bolsa de Londres tava pagando no começo da Copa. Por mais que não gostemos do time do Dunga, não podemos negar que é uma equipe competitiva.

"Ah, mas já levaram jogadores jovens antes e deu certo! Pelé, Ronaldo, Kaká...". Pra começar, toda vez que você cita o Pelé como exemplo, seu argumento se torna imediatamente inválido. O Homem não serve para parâmetros. Quanto aos outros dois... Vamos lembrar quais eram as outras opções? Em 94, Parreira testou Careca em fim de carreira, Evair, Palhinha - reflita outra vez - e se viu obrigado a convocar Romário pra salvar a lavoura. Ou seja, a safra não era das melhores - só lembrar que o outro atacante reserva acabou sendo o Viola. Nesse caso, faz sentido você chamar uma jovem promessa. Por mais inexperiente que seja, a outra opção não era necessariamente mais funcional. Vale a aposta.

Em 2002? Mesma coisa. A vaga de reserva ficou com Juninho Paulista, sendo que foram testados Sávio, Marques, Euller, entre outros - reflita mais uma vez. Quando nem os titulares são unanimidade absoluta, faz sentido em apostar em uma jovem promessa em um bom momento. Mas eu não vejo espaço para isso no grupo do Dunga. Vai barrar quem pra colocar o Neymar? Robinho, que é o homem de confiança do treinador? Nilmar, que quando exigido correspondeu? Adriano, que tem suas problemáticas pessoais, mas nem da mesma posição é?

Logo, repito - e, pelo visto, serei repetitivo pelos próximos dois meses: o grupo está fechado. Se eu acho isso bom? Não necessariamente. Mas é menos ruim do que precisar apelar pro Kléberson do momento e fazer figa pra dar certo. Neymar tem tudo pra ser craque e tem pelo menos mais três Copas pela frente. Não temos motivos para colocar o carro na frente dos bois.

4.4.10

Um post inútil se faz com: São Paulo, água com gás e uma obscenidade.


Não tenho nada contra o futebol medroso, desde que quem o pratique seja o Gama. Quando é o Gamão contra o Tricolor, jogar atrás para o Gama não é medo, é realismo, e o futebol medroso vira o futebol natural, como a água que cai da parede inclinada. Agora, quando quem fica o jogo inteiro atrás do meio é o São Paulo, sem ousar um ataque, sem ter a coragem de tocar a bola, melhor é dar chutão para afastar de uma vez, aí é de indignar. Aí é como pegar o impulso natural e transformá-lo em algo bizarro, artificial, não é mais a água da chuva que cai da parede inclinada, é a água retirada dos rios, tratada, engarrafada, vendida e COM GÁS.

Horrível, desprezível, ninguém entende como algumas pessoas gostam, muito mais difícil entender como outros vendem e insistem em vender. A água com gás anterior, a vendida por Muricy, se irritava, se não era natural, tinha, pelo menos, grife. Ganhava alguns prêmios aqui e ali, mesmo com todo mundo sabendo que não era tanto pela qualidade daquela água, era mais pela falta de qualidade das outras. Agora a nossa Água com Gás deixou de ser fabricada pela Coca, é fabricada pela Schincariol. A propaganda que faz de si mesma é ridícula, não vai ganhar prêmio de qualidade em lugar algum, irrita o consumidor e, se há razão no ser humano, irritará em breve um homem que odeia água de qualquer tipo, grande apreciador de Whisky, e o covardão do Ricardo Gomes vai vender água com gás no caralho que o gozou!


31.3.10

Maldito, Maldito Arsenal.

Diz Nick Hornby que o Arsenal das décadas de 60, 70 e 80 era carinhosamente apelidado pelos rivais de "Ugly, Ugly Arsenal". Aliás, as melhores partes de "Fever Pitch" são as racionalizações trágicas da consciência crítica de um viciado que não consegue se livrar da merda insuportável que o escraviza. Os últimos três anos tricolores me colocaram em situação parecida, mas eis assunto que prefiro ignorar.

Contextualizemos para chocar: ingleses acostumados com o futebol mais sem graça e feio do planeta, tutores de Muricy Ramalho, achavam o Arsenal o time mais chato da Inglaterra. O futebol do Arsenal seria a cara do Amaral, a Joseane, a Dercy Gonçalves eterna, o reflexo que diariamente contesta as ilusões do meu ego.

Eis que o mundo é dinâmico, os anos 90 chegaram, trouxeram bizarrices como Mc Martelo, Sir Mexe Deveras e perturbações várias. Em contrapartida e quase como pedido de desculpas, a década nos deu o Arsenal do Wenger, futebol bonito, pra frente e agradando Trajanos e Callazans. Mas os deuses do futebol vendem quando dão. Compra-se a glória com desgraça. Sendo direto: o preço do futebol bonito é sobrenatural.

O Arsenal pode ser um dos grandes exemplos contemporâneos de futebol arte, romântico e qualquer outro adjetivo Callazans, mas mexe com as convicções dos racionalistas mais obtusos da terra.

Meu caso. Eu me julgo racionalista, um cético muitas vezes tão chato quanto Dawkins, tão caricato quanto Padre Quevedo, mas os constantes músculos distentidos e os recorrentes ossos quebrados do Arsenal são provas empíricas suficientes para abalar meu positivismo ingênuo. É, bobão - canta o coro composto pela perna dividida em duas de Eduardo, a canela estraçalhada de Ramsey e a lesão de Fábregas que ri na cara de qualquer idéia de felicidade definitiva - há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a sua vã filosofia.

Bruxaria pode NON EXCZISTIR!, desafio em rede nacional todos os terreiros brasileiros a trabalhar contra a minha integridade física, É MENTIRA, É MENTIRA!, Deus pode ser reedição pouco original dos argumentos de Freud por Dawkins, mas o Arsenal, ah, o Arsenal é maldito. Maldito, Maldito Arsenal.

29.3.10

Até o Diabo escreveu relatório com severas restrições.

Há muito tempo, muito tempo atrás, há tanto tempo que nem o tempo existia, uma coisa que chamaremos de Coisa teve uma idéia. Era tudo tão chato, pensava . Tão sem graça, tão silencioso. Não existia mundo, o vazio circundava o nada por todos os lados, nenhuma festa divertida, nenhum filme bom passando no cinema, enfim, o tempo antes do tempo era uma eterna Brasília.

Aí a Coisa decidiu agitar. Criou o homem, e viu que o homem era bom, animado. Mas era tão sozinho, coitado. Não fazia nada, ficava só brincando com seu próprio corpo, se é que os menos puritanos me entendem, com as árvores, com os pássaros, com a grama. A Coisa queria mais ação. E aí decidiu fazer a mulher, e viu que era boa. Juntos, mulher e homem davam festas de arrasar. Agitaram o pedaço, mas de agitados que estavam, de tão empolgados que ficaram, acabaram esquecendo que eram sombra e pó, criações irrelevantes, e acharam mais legal beber e falar merda em mesa de bar do que louvar a Coisa.

Ah, mas a Coisa ficou brava. Puta mesmo. Criara tudo aquilo para sua diversão, não para a diversão de uma parte ínfima da criação. E teve a idéia mais cruel, mais apavorante que qualquer mente já concebeu, um martírio tão doloroso e cruel que até o Diabo escreveu relatório com sérias restrições. Pouco se fudendo para o Diabo, a Coisa criou o futebol, o Corinthians, o São Paulo, Danilo, o ano de 2010, o gol no último lance de jogo e riu da minha cara, da sua e de todo mundo. FIM.

27.3.10

O popular e o futebol

Ora, os fatos não falam por si, é preciso ter uma teoria para interpretá-los. Eis a teoria do Post:

O popular é a manifestação física do inconsciente de todos nós, homens castrados pelos facões civilizacionais. Ele não só se emputece com o casal Nardoni, ele dá o passo que nós, paraplégicos cristãos, não nos permitimos: a vingança. Tacam pedras, hostilizam verbalmente e, se não fossem contidos pelas forças policiais de repressão, fariam Isabella Nardoni do Casal Nardoni.

O popular tem uma função social sagrada: mostra a importância das conquistas civilizacionais de repressão e recalque; se todo mundo fosse popular, não haveria mundo para caber todo mundo, haveria caos para não conter ninguém, estado natural Hobbesiano. A colaboração mais importante é fazer o que nós, neuróticos infelizes, só desejamos, apaziguando o seu, o meu, o nosso Dourado inconsciente. Logo, taxo incontestavelmente - e, se alguém ousar me contestar, convocarei populares para persegui-lo - que o popular é mais importante do que qualquer analista, com o plus de não cobrar, e mais relevante do que qualquer encíclica papal, com o plus de não esfregar a ameaça do inferno e sofrimentos eternos na cara dos pecadores.

O popular se manifesta em vários momentos. Indignação nacional, crimes hediondos, acidentes grotescos de carro, pulando atrás de câmeras em shoppings, aglomerados na praia de copacabana no final do ano...O popular inspira desgraça e expira vingança. Mas o que nos interessa, blog de futebol, é o popular e a bola.

O popular chuta carros de jogadores preguiçosos, impedindo que uma horda de torcedores não só chute, como quebre o carro inteiro, puxe o jogador e a família e os destroçem em praça pública.

O popular vai até o CT, reclama, xinga todo mundo, pixa muro e dá satisfação ao Dourado de milhões de torcedores: olha, sente-se em seu sofá, homem de bem, o popular já resolveu.

Agora, não digo que o popular deva ser louvado. Quando é, adeus civilização, oi homo homini lupus. Vamos só olhar para os populares, rejeitá-los explicitamente, lamentar suas ações, mas sem esquecermos que, no fundo, aquele ali que tá em cima do carro da polícia gritando assassinos, queimem os dois, é também você. O popular é um herói maldito.

Homem civilizado, de bem, rompa o véu e contemple seu inconfessável!

Paz e fui.