Prêmio "Agora vai!"
Copa do Mundo é uma coisa fantástica, disso estamos carecas de saber. É um evento global, um evento democrático, uma oportunidade de ver o melhor e o mais inusitado no desporte. Disputa-se desde cifras milionárias oferecidas pelas grande corporações até módicos barris de rum e variantes - ah, saudoso Trinidad e Tobago! Ou seja: é um evento em que se espreme o suco e aproveita-se até o bagaço.
A Fifa fica escolhendo melhor jogador, dream team, etc; quando TODO MUNDO sabe que o prêmio mais legal é o que acompanharemos com mais afinco: o Prêmio "Agora vai!". É um prêmio concedido àquele jogador que não foi bem cotado antes do torneio, não foi o melhor, não estava na melhor equipe, não foi o mais promissor, não foi o campeão; mas que de alguma forma deu uma tumultuada no torneio e virou especulação na janela de transferência seguintes. Algo como "Como ninguém viu essa jóia antes?!" Daí que algum europeu mediano pagou uma fortuna no camarada e... era bijouteria e não deu em nada. Porque uma característica marcante do "Agora vai" é sua validade de uma Copa do Mundo. Se ganhar algo de importante depois, o título é automaticamente suspenso.
O patrono do prêmio "Agora vai!" é o camaronês Roger Milla. Sim, comeu a bola em 90, comemorava com danças muito mais divertidas que a dos meninos da vila. Mas o que fez além de enterrar a carreira do Higuita? Teve sucesso no futebol francês, mas vamos combinar que futebol francês é pouco para um camarada que fez acontecer na Copa do Mundo, não é mesmo? É uma característica do prêmio "Agora vai!". Ele te promete um filé mignon, mas o ônus dele é o eterno coxão duro.
Vamos lembrar dos vencedores de edições anteriores:
1994 - Aseed Al-Owairan
Ou o Maradona das Arábias, se você preferir. É enciclopedicamente famoso por esse gol contra a Bélgica em 94. Depois nunca mais fez nada digno de destaque no futebol. Mas merece destaque. Ser o prêmio "Agora vai!" da Copa mais alternativa da história é um feito e tanto.
Menções honrosas: Hagi - Romênia (sim, gênio, mas só decidia jogar MESMO em ano de Copa) e Salenko (foi o artilheiro com 6 gols, mas marcou cinco contra um eliminado Camarões de ressaca. O Valência acreditou...)
1998 - Mustapha Hadji
Marrocos só não se classificaram naquele ano porque o Júnior Baiano não quis, mas o time deles surpreendeu. E o mais virtuoso atleta era Hadji. O Coventry City pagou para ver a aposta de 27 anos e... foi isso. Jogou também no Aston Villa e atualmente joga no prestigioso futebol de Luxemburgo.
2002 - El Hadji Diouf
Liderou a equipe de Senegal que eliminou a então campeã França e alcançou as quartas de final do torneio. Desejado por diversas equipes européias, acabou no Liverpool por dez milhões de libras e ficou muito aquém do esperado. De ex-promessa mundial, atualmente defende o Blackburn Roovers, atual décimo segundo colocado da Premier League.
2006 - Paulo Wanchope
Olha, 2006 não teve lá muitas surpresas; mas pra manter o padrão de meia-boca terceiro mundista, vamos apelar pro Wanchope. Seu efeito agora-vai só durou um jogo, quando marcou dois pela Costa Rica contra a Alemanha na estréia do último mundial. Mas todo mundo que vê esses embates como representações pós modernas de David e Golias teve uma esperança momentânea em Wanchope. Só durou aquela partida e tivemos de transferir nossas esperanças para Trinidad e Tobago e sua saga pelos barris de rum.
Menção honrosa: Luca Toni (precisa explicar? Obrigado).
Quem levará o "Agora vai!" desse mundial? Copa na África é um cenário propício pra isso. E não nos esqueçamos que teremos Nova Zelândia e Coréia do Norte. Aguardemos! Peace out!