Ascensão e queda de (Zi)Danilo
É público e notório que (Zi)Danilo não suporta mais a torcida do São Paulo e já está com as malas prontas para o Japão ou qualquer outro lugar que não o Morumbi. Sem condenar ou absolver seu protagonista, acho interessante fazer uma análise da era (Zi)Danilo com a camisa 10 do maior do mundo.
Qualquer tricolor sóbrio não nega que (Zi)Danilo foi o 10 mais vitorioso e importante na história do Dono do Mundo desde a aposentadoria de Rai. Por outro lado, esse mesmo tricolor já muitas vezes olhou para (Zi)Danilo e se arrependeu profundamente de ter desistido da carreira de jogador de futebol. Creio ter uma explicação razoável para tanto amor e ódio.
É tudo culpo da natureza paradoxal da camisa 10. Fora em lugares como o Parque São Jorge, que tem como um dos seus ídolos mediocridades como Marcelinho Carioca, a 10 é a a camisa reservada aos gênios, aos grandes ídolos. Nada menos que um craque é aceito vestindo a camisa consagrada por Pelé e o Terror do Morumtri. No entanto, e aqui está o paradoxo, a mística da camisa é tão poderosa que vesti-la já dá ao jogador uma aura especial que não tinha feito muito por merecer. E a torcida, tão ansiosa por ídolos, encara qualquer jogada boa como absolutamente genial. A camisa 10 é capaz de transformar em craques jogadores razoáveis. Foi exatamente o que aconteceu com (Zi)Danilo.
Pode chegar como um choque para muitos, mas (Zi)Danilo não é o Raí. O que é verdadeiramente chocante, no entanto, é alguns, eu inclusive, terem elevado (Zi)Danilo ao mesmo nível do Terror do Morumbi. Como eu tentei explicar acima, isso só aconteceu por conta da camisa 10. A partir do momento em que (Zi)Danilo aterrorizou os Gambás e nos ajudou fundamentalmente na conquista da libertadores de 2005, a mística da camisa que vestia junto com o anseio natural do torcedor por ídolos acabou por cavar sua sepultura. Passou a ser louvado como craque e cobrado como craque. Inevitavelmente, frustrou as expectativas criadas por algumas boas atuações, e as críticas que recebe hoje são completamente desproporcionais ao futebol que apresenta. Tentei demonstrar que as duas atitudes não fazem sentido, pois (Zi)Danilo é, no mínimo, um bom jogador e, no máximo, um ótimo jogador.
Por fim, a trágica história de ascensão e queda de (Zi)Danilo é responsabilidade única e simples do número atrás da camisa que ele veste. Pobre Zizou. Pobre Danilo.
ps: antes que algum corinthiano aprenda a ler e escrever e venha argumentar que eu vivo dizendo que pelo parque são jorge só medíocres são louvados e, ao mesmo tempo, disse que eu passei a louvar danilo como craque, algumas observações:
Danilo já ganhou uma libertadores e um mundial. Já é suficiente para virar ídolo em qualquer clube brasileiro. Quantas libertadores o marcelinho carioca já ganhou mesmo? Caso encerrado. É preciso muito mais que um brasileiro para virar ídolo no tricolor!